Tiago fica ali, parado, a olhar para Pedro. O seu coração dispara como uma locomotiva e começa a tremer. Treme tanto que deixa escapar as folhas quando se levanta uma brisa fresca. Pedro atira-se a apanhar as folhas juntamente com Tiago. Este, acocorado, tenta apanhar o que puder, mas tudo se lhe escapa. Aos poucos, conforme vai recolhendo, Pedro aproxima-se de Tiago e segura-lhe o braço. Este gela de repente.
- Não precisas de ficar assim tão nervoso. – diz baixinho.
Tiago olha para Pedro. Ficam assim, de cócoras, a olhar um para o outro. Tiago repara então nos olhos verdes de Pedro, brilhantes como água. Mas, na realidade, nem são totalmente verdes. Na orla dos olhos dele surge um leve tom azulado, uma cor meio turquesa, como se tratasse da água do mar das praias tropicais. E, junto à menina dos olhos, Tiago consegue ver uns raios acastanhados, lembrando-lhe girassóis. Não são tons que saltam à primeira vista, é preciso um olhar atento. Perde-se nos seus olhos. Sente-se a submergir nos reflexos cristalinos do olhar dele, a perder a sua consciência e, de certa forma, a fundir com as águas límpidas do olhar de Pedro.
- Hum... To... Toma. – gagueja Pedro enquanto estende a mão que segura as folhas. Pedro perde-se também no olhar de Tiago, castanhos, claros como mel. Repara que Tiago também tem uns laivos de verde na orla dos seus olhos. Parecem dois caramelos redondos, semitransparentes, com laivos de verde, amarelo, cobre e o tom de ferrugem. Mas, quase sem brilho, tristes.
- O... Obrigado. – e recebe as folhas. Mas Pedro agarra-o na mão e dá-lhe um beijo. A única coisa que Tiago tem tempo de fazer é arregalar muito os olhos. É apanhado de surpresa.
- Desculpa! Não consegui resistir. – diz Pedro quando se apercebe do que acabou de fazer.
Levanta-se e ajuda Tiago a levantar. E sentam-se os dois no banco a conversar enquanto o sol vai caindo aos poucos e poucos e o céu explode-se de vermelho, amarelo, laranja e salmão. Seriam capazes de ficar ali horas, ou dias até. Passado uns momentos, Tiago chega-se ao pé de Pedro. E assim ficam, a conversar muito juntos, num final de tarde.
Tiago mete a chave na porta de casa mas ela abre-se entretanto. Carlos está de saída, com a sua cara habitual, muito sorridente.
- Tiago. Vê se não faças muito barulho! A Rita está mal disposta. – e dá-lhe umas palmadinhas no ombro.
Tiago entra em casa a cantar, baixinho. Entra no quarto e começa a arrumar umas coisas e a colocá-los no seu devido lugar. A Rita bate à porta.
- Entra Rita. – diz Tiago.
Depois vira-se todo contente para dar a novidade e apanha um susto. A Rita está mesmo ali, a uns escassos centímetros dele, com o olhar mais papudo e sonolento que ele alguma vez havia visto. Os seus olhos parece que encolheram para o tamanho de ervilhas. O cabelo da Rita está completamente despenteado, em nós que nunca mais acabam.
- Foda-se Rita! – diz quando se endireita. – O que é que tu tens? Apanhaste alguma constipação?
- Achas fofura? – diz ela, rodando muito lentamente até à cama de Tiago. Senta-se. – Estou com a merda do período. Mas, conta lá... Como foi a conversa com o Pedro?
- Como é que soubeste que estive a falar com ele? – diz, sentando ao lado dela.
- Passei hoje pelo parque e vi-vos de cócoras a apanhar as tuas folhas.
(Continua...)
Abraços
Arms
2 comentários:
ahahaha!!! a rita é macaca :P xD
Bem, tu escreves muito bem (do meu mano eu não preciso de falar que ele já sabe o que acho).
Só há um problema, e só neste é que detectei. Possivelmente escreveste um bocadinho à pressa, há algumas coisas que não batem muito certo, se calhar era melhor reveres.
Mas de qualquer maneira, parabéns, muito bom mesmo^^
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