quarta-feira, outubro 11, 2006

Encontros Imprevistos (parte 6)

Pedro solta uma pequena gargalhada que faz com que Tiago se sinta incrivelmente inexperiente.
- Não me desiludiste em nada! Não estava à espera... Eu, com a tua idade já namorava e já não era virgem. Mas, isso não me incomoda em nada. – Pedro solta um sorriso matreiro. – Além disso, posso-te ensinar o que quiseres.
Tiago cora até às orelhas.
- É que... Não. Não quero que te sintas mal... Isto é, por eu não ter experiência.
Pedro sorri.
- E se nós levarmos isto a um passo de cada vez? O que achas?
Tiago sorri timidamente e solta um tremido sim. Terminam o jantar e saem do restaurante. Apesar da hora decidem ir ao cinema. Chegam lá mesmo em cima da hora e entram. Tiveram sorte de terem arranjado lugares a meio da sala, um ao lado do outro. O filme começa e a sala escurece. Por entre a penumbra e os risos das pessoas, Pedro encosta a perna à perna de Tiago algumas vezes. Embora estejam os dois envolvidos com o filme, estes pequenos gestos desperta-lhes a atenção. Tiago não consegue deixar de pensar que ele, no fundo, tem sorte por ser como é. Os heterossexuais não dão valor a estes gestos fortuitos e cheios de romantismo. Dão tanto valor a palavras, coisas efémeras e quase sem sentimentos, que se esquecem do poder e da excitação que é um simples toque. E sorri. Sorri simplesmente porque as palavras perdem todos os seus sentidos. No fundo, o que realmente conta são os pequenos gestos. Estes pequenos toques eternos, esquecidos no momento. E, envolvido em leves toques e o filme, Tiago encontra uma paz que pensava não existir.
O filme termina finalmente e Tiago não consegue parar de sorrir de felicidade.
- Por que é que estás a sorrir assim tanto? – Pergunta Pedro curioso.
- Por nada e por tudo.
Saem do edifício e caminham em direcção ao carro.
- Queres ir já para casa ou preferes um pequeno passeio? – Pergunta Pedro sorrindo para Tiago.

(Continua..)
^^
Arms

1 comentários:

vaguely.absent disse...

Adorei a parte em que falas do quão especiais podem ser coisas tão simples como tocar a pele de quem se gosta. Descreve na perfeição o que acho. Um namoro hetero e um namoro gay são, de facto, muito distintos. Cada um com diferentes pontos fortes. Mas essa valorização das pequenas demonstrações de afecto é sem dúvida algo muito positivo no namoro gay. Fico à espera de mais ;)