sábado, setembro 30, 2006

Quinze dias depois... [Parte 2]

Nelson não conseguiu perceber o que havia acontecido no outro lado da linha. Preocupado, tentou ligar de volta. Dava sinal de chamada, mas ninguém atendia. Segundos depois, a chamada era encaminhada para o voice mail. Tentou mais uma e outra vez e nada. Decidiu estacionar num sítio apropriado e voltar a tentar contactar Rafael. Assim o fez.
- Sim? Rafael?
- Desculpe, mas não é o Rafael que está a falar.
- Desculpe? Quem fala?
- O dono deste telemóvel despistou-se com o carro e encontra-se gravemente ferido. Desculpe dizer isto assim, mas...
- Onde é que ele está?
- Quilómetro 27, do IP3, em direcção a Coimbra.
Ouviu-se o saltar de um gemido abafado, ao mesmo tempo que se soltavam algumas lágrimas dos olhos de Nelson.
- Lamento ter-lhe dado a notícia desta forma...
- Não. Deixe. Que garantias tenho de que isto é verdade?
- Agente Rui Idelfonso, Brigada de Trânsito da GNR.
Naquele preciso instante, era anunciado na rádio um acidente, considerado muito grave, no quilómetro 27 do IP3 e o locutor deixa algumas dicas para os restantes condutores escaparem à confusão do acidente. . Nelson entrou em pânico.
- Vou já para aí!
Dito isto, fez uma arrancada barulhenta e dirigiu-se para o local indicado pelo Agente Idelfonso a “prego a fundo”.
O relógio marcava precisamente 12 minutos e 46 segundos após o telefonema ter sido desligado, quando Nelson chegou ao local do acidente. Ao ver que os bombeiros estavam a desencarcerar Rafael do carro, Nelson tenta aproximar-se do veículo acidentado, mas é impedido por um agente. Idelfonso, como era conhecido pelo seu pessoal, abordou Nelson e afastou-o ligeiramente de todo aquele aparato.
- Como é que ele está? – perguntou Nelson, desperado.
- Inconsciente. Os bombeiros estão a tentar de tudo para não terem que amputar nenhum membro. – respondeu Idelfonso em tom calmo. – Eles são óptimos no que fazem. Mantenha-se calmo. Vai ver que corre tudo bem.
- Quero estar ao pé dele!
- Deixe os bombeiros trabalhar. Se estiver lá, só vai atrapalhar. Tenha calma. Vai correr tudo bem. – fez-se silêncio. – Posso perguntar-lhe o que era ao jovem que está dentro do carro?
Nelson olhou para Idelfonso, desfeito em lágrimas. Hesitou se havia de dizer a verdade ou se diria que era apenas o melhor amigo.
- Sou o namorado dele.
- Pronto. Tudo bem. Vou levá-lo o mais próximo possível do carro, mas tem de me prometer que fica sempre ao pé de mim.
- Prometo.

[continua...]


Hugz & Kisses,
Nobody's Bitch0



[NOTA:] [Por motivos de força maior, as histórias do "Pedro" e do "Tiago", publicadas pelo Arms, vão ter que sofrer uma pausa. Agradece-se a compreensão dos nossos leitores. O regresso do Arms está para o mais breve possível.]

segunda-feira, setembro 25, 2006

Quinze dias depois [Parte 1]

Enquanto Rafael esteve no Algarve, pouco ou nada falara com Nelson. Era certo que a sua relação havia sido testada e, neste momento, estava muito frágil.
Os dois jovens encontraram-se assim que Rafael chegou a Viseu. À hora combinada, Nelson ja se encontrava na falésia onde tudo havia começado. Rafael chegou dois minutos depois.
Apesar do desconforto que se fazia sentir pelo silêncio, os olhos de ambos começaram a brilhar. Encostaram-se a um dos carros e começaram a falar. Os temas de conversa, estes, eram muito triviais: o relato de um ou outro episódio que havia sucedido quer no Algarve, quer em Viseu, nada de mais. A certa altura fez-se silêncio. Saturado de ouvir o vento soprar e de ouvir o locutor de rádio a anunciar as notícias do dia, Nelson quebrou o silêncio:
- Porque não me dizias nada enquanto estiveste lá em baixo?
Rafael olhou para Nelson, com os olhos prestes a entrar numa erupção de lágrimas:
- Porque...
- Aconteceu? – Interrompeu-o Nelson
- Sim... – disse Rafael, começando a chorar .
Não conseguindo controlar as suas emoções, Nelson enfiou-se no seu carro e saíu dali com uma arrancada brusca. Preocupado, Rafael fez o mesmo, na tentativa de conseguir acompanhar Nelson, mas sem sucesso. Enquanto percorria o trajecto para a casa de Nelson, Rafael tentava alcançá-lo por telemóvel.
Rafael começa ficar desesperado sem saber o paradeiro do namorado. As tentativas sem sucesso de o contactar por telemóvel deixam-no cada vez mais frustrado, mas mesmo assim não desiste e continua a tentar. Ao fim de algumas horas e inúmeras vezes a tentar contactar Nelson, Rafael lá conseguiu...
- Sim? Nelson? Mas onde rai...
Ouviu-se um grande estrondo.
- Rafael? Rafael?!


[continua...]

Hugz & Kisses,
Nobody's Bitcho